Métodos de Alfabetização: quais são e o que a neurociência cognitiva nos diz

Aprender a ler e escrever é um dos processos cognitivos mais complexos que passamos por toda a vida. Isso porque o nosso cérebro não nasceu biologicamente preparado para a linguagem escrita, ou seja, não é um processo natural como falar.

Dessa forma, ensinar a ler e escrever exige o desenvolvimento e o estímulo de diversas habilidades e percepções. Conhecer os diferentes métodos de alfabetização é essencial para compreender as abordagens que podem ser utilizadas na alfabetização de crianças.

Até 1980, havia uma busca por validar o método de alfabetização mais eficiente, mas o que vemos na prática pedagógica hoje é a utilização de diferentes abordagens para atender às variadas necessidades dos alunos.

No entanto, a neurociência cognitiva nos mostra que para aprender a ler e escrever, é preciso compreender a relação grafema-fonema. Dentre os métodos de alfabetização, o fônico é o que irá garantir desde cedo essa compreenção. Por outro lado, não temos pesquisas suficientes que comprovem que o método fônico sozinho é suficiente para alfabetizar. Por isso, é essencial conhecer cada um dos métodos de alfabetização.

Métodos de Alfabetização

Os métodos de alfabetização se dividem em dois grupos principais: sintéticos e analíticos.

Métodos Sintéticos

A base dos métodos sintéticos é a compreensão de que a língua portuguesa é fonética e silábica. Dessa forma, para dominar a leitura e a escrita é preciso um método de alfabetização que considere essa característica. Os métodos sintéticos partem da unidade linguística em direção à totalidade da palavra. Após reunir as letras ou os sons em sílabas, ensina-se a leitura de palavras formadas por esses sons, letras e sílabas. O que difere os métodos sintéticos é a unidade de linguagem que eles utilizam como ponto de partida:

  • Alfabético: Este método, também chamado de soletração, ensina o nome das letras do alfabeto e sua ordem. As crianças aprendem a unir letras para formar sílabas e, em seguida, palavras. Por exemplo, “s”, “a”, “sa”, “l”, “a”, “la”, “sala”.
  • Fônico: O método fônico começa com o reconhecimento dos sons das letras (fonemas) e progride para a formação de sílabas e palavras. As crianças aprendem a associar letras aos seus sons e a combiná-los para formar palavras.
  • Silábico: Focado nas sílabas, este método ensina as famílias silábicas (como “ba”, “be”, “bi”, “bo”, “bu”) de forma isolada, por meio de exercícios de segmentação e junção. Com o tempo, os alunos aprendem a combinar sílabas para formar palavras.

Métodos Analíticos

Nos métodos analíticos, a compreensão do todo precede a análise das partes. Ou seja, o ensino da leitura começa com o sentido da totalidade do texto, frases ou palavras para depois analisar as partes que as constituem.

  • Palavração: Este método apresenta palavras inteiras, sem dividi-las em sílabas ou letras. As crianças aprendem a reconhecer palavras visualmente e a memorizar sua configuração gráfica usando cartões com palavras e figuras.
  • Sentenciação: Focado em frases completas, este método ensina o significado das palavras dentro de sentenças. Os alunos compreendem o sentido geral de uma frase antes de analisar as palavras e sílabas que a compõem.
  • Método Global: Parte da observação de textos completos para a compreensão geral. Depois, as crianças analisam sentenças, palavras e sílabas.

Destaque para o Método Fônico

A Política Nacional de Alfabetização (PNA) no Brasil não especifica um único método de alfabetização, mas ressalta a importância do desenvolvimento das habilidades de consciência fonológica e da instrução fônica sistemática, ou seja, do método fônico.

O foco principal da instrução fônica é ajudar a criança, ou iniciante, a entender como as letras estão ligadas aos sons para formar correspondências letra-som, padrões de ortografia e ajudá-los a aprender como aplicar esse conhecimento em sua leitura e escrita.

No entanto, é essencial que os professores mantenham uma abordagem flexível, combinando diferentes métodos e estratégias, especialmente para alunos com dificuldades de aprendizagem.

Tem alguma dúvida sobre os métodos de alfabetização? Deixe nos comentários!

Referências:

DAHAENE, Stanislas. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Tradução; Leonor Scliar-Cabral. Porto Alegre: Penso, 2012.

Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília: MEC, SEALF, 2019.

SOARES, M. Alfabetização: a questão dos métodos. 1a Edição. São Paulo: Contexto, 2017

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